Ninguém suspeitava que ele guardasse qualquer simpatia pelo modo de viver dos ici-devant, "os de antes", como eram chamados os da velha ordem, esmagados pela Revolução de 1789. De certa forma, contrariando as opiniões do historiador François Furet, que viu a república de 1792 como uma "derrapagem", uma caída no exagero, tornando os jacobinos e seus líderes numa excrescência condenável, ele, Robespierre, foi o mais exaltado símbolo dos propósitos últimos daquela revolução. Ainda que parecendo um exagerado, quem pode hoje imaginar a Revolução de 1789 sem Robespierre? (a tentativa, de resto frustrada disso, coube a Simon Schama fazer no seu livro Cidadãos).
Robespierre em criança e moço
O que mais poderia dizer-se dela do que o fato de um desconhecido advogado interiorano assumir, ainda que por pouco tempo - apoiado apenas na oratória, num grande senso de oportunidade e energia invulgar - o governo da França dos Luíses. A velha sociedade de ordens, herança dos tempos feudais, ruíra, dando lugar ao mundo dos talentos, um mundo que, nos seus extremos, Robespierre e, depois dele, Napoleão, melhor representaram.
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